quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Feridas - uma carta sobre mim, sobre um suicídio que talvez nunca aconteça

"Essas feridas não parecem que vão sarar. Essa dor é tão real. Existe muito que o tempo não pode curar."

Chega um momento em nossas vidas que percebemos que certas feridas não irão sarar, elas simplesmente sempre estarão em nós. Quando eu era criança eu costumava sonhar que um dia tudo iria ficar bem, que eu iria me amar e que minha história iria ajudar várias pessoas, essa era a minha força. Então, durante todos esses anos, desde a minha infância, eu suportei quieta, chorando sozinha, achando que tudo mudaria um dia, mas há certas coisas que nunca irão mudar. Agora eu percebo que o que nunca irá mudar é o que mais me machuca. Eu não gosto de quem eu sou, não gosto de quem eu fui. Não posso mudar meu passado e não há espaço no meu presente nem no meu futuro pra quem eu quero ser. E o pior é que a lembrança de quem eu nuca fui me machuca. Quando vejo uma menina que se assemelha ao que eu queria ser a ferida dói, dói demais.

Eu sou um erro, eu não gosto de mim, convivo com esse sentimento há muito tempo. Eu gostaria de conseguir sentir que sou amada, conseguir sentir que sou importante. Eu realmente acredito que existem pessoas pra quem eu sou importante, que me amam, mas por falha minha eu não consigo sentir. O problema não está nos outros, está em mim, sempre esteve. Eu sempre quis ser perfeita pros meus pais, mesmo sem eles terem pedido. Sempre quis ser alguém que eu não podia ser. O que acontece agora é que estou cansada de fingir trancada no quarto, de viver das minhas fantasias, de alegrias e momentos que nunca aconteceram. Não quero continuar vivendo uma vida que nunca aconteceu. Eu me sinto um fantasma, alguém invisível para o resto do mundo. Não sei porquê, mas me sinto esquecida. Gostaria de desaparecer, de ter coragem para acabar com tudo.

Não posso ser e nunca serei uma menina magra com cabelo colorido, divertida e inteligente. Infelizmente esse tempo já passou. Agora o futuro que está a minha frente me oferece milhares de oportunidades, mas a de ser essa garota não está entre elas. Vou crescer e realizar meu maior medo: não ter conseguido algo que eu queria e ficar traumatizada com isso. O tempo de ser uma adolescente depressiva já passou. Agora preciso começar a vida como adulta, ainda sou uma adolescente, mas estou perto de me tornar adulta. O que farei agora é seguir em frente e esconder essas feridas que permanecerão abertas pra sempre em mim. Essa saudade de quem eu nunca fui, essa vontade de ser eu mesma, de me aceitar. Talvez demore, talvez não, mas eu com certeza irei morrer. Quando eu morrer essa dor vai acabar, eu sei que vai.

Infelizmente não tenho coragem para adiantar esse processo, então vou viver escondendo minhas feridas e esperando que por algum motivo a vida seja retirada de mim. Se eu morrer, se eu conseguir me matar ou simplesmente morrer, essa é a carta que eu deixo. É claro que há muito mais dor em mim do que uma simples carta pode exprimir, mas eu realmente abri o meu coração aqui.

Purple Butterfly

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Não sei como dar título à minha dor.

*Não sabia se iria ter coragem de postar esse texto porque ele ficou muito forte pra mim, mas aqui está.

"Todos os dias eu penso: por que ainda estou aqui?"


Nenhum de nós pediu pra nascer, no entanto nascemos. Eu estou implorando para morrer, mas até agora isso não me foi concedido. Eu não queria existir, eu não quero ser quem eu sou. Tudo o que eu faço é atrapalhar e perturbar as pessoas a minha volta. Não entendo porquê minha existência e necessária. Só trago problemas, sobrecarrego minha família. Meus pais não mereciam uma filha que se corta, uma filha suicida. Se eu continuar viva as cosias só vão piorar.

E meu namorado, meu Deus! Quem merece passar a vida com alguém bipolar e que necessita de cuidado e atenção, que te trata mal sem sentir? Ele com certeza, não. Não sei se posso continuar aqui, eu prometi a algumas pessoas que não me mataria, mas não prometi que pararia de torcer pela minha morte. Eu espero que Deus decida acabar com essa tortura diária logo. Saio de casa todos os dias pensando que talvez um carro me atropele e me mate ou algo diferente aconteça e acabe com a minha vida.

Eu quero tanto que eles sejam felizes, mas não acredito que tal sentimento possa vir a existir comigo aqui. Eu preciso desaparecer, só assim a dor irá embora. Tudo ficará melhor sem eu aqui, eu não deveria estar aqui. Sabem, não sei se algum dia eu conseguirei escrever um texto suficientemente forte para que algum de vocês consiga entender o quanto minha alma sofre.

Encerro o texto com lágrimas nos olhos.


Purple Butterfly, a menina que não deveria existir.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Minha solidão



Eu sempre me senti sozinha. Mesmo com alguns poucos amigos a minha volta, mesmo com família, mesmo com pessoas ao meu lado, a solidão foi quem sempre me acompanhou. Hoje em dia eu gostaria de mudar esse quadro, mas não é tão simples assim. Ter um namorado, amigos, todo o apoio que recebo ajuda muito, mas como eu disse: a solidão sempre me acompanhou. Chega a parecer impossível me desfazer dela. Sinto até mesmo que é impossível. A tristeza, a solidão, sempre foram minhas amigas, sempre estiveram em mim. Não me imagino sem elas.

Todos os dias eu acordo com uma agonia no meu peito, uma vontade de chorar litros de lágrimas. E com o passar do dia eu vou me sentindo cada vez mais sozinha. Há esse lugar dentro de mim que eu não posso remover, esse lugar cheio de memórias tristes, cheio das coisas que me tornam assim. E sabem, ele faz parte de mim, ser triste e solitária faz parte de mim. Eu tento mudar isso, mas talvez não deva ser mudado, apenas amenizado. Talvez eu deva parar de me mostrar tão depressiva, talvez a tristeza, a solidão e eu devêssemos voltar a ser amigas secretas. Ninguém precisa saber do meu sofrimento, minha dor é minha e eu preciso senti-la para ser eu.


Purple Butterfly

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Sufocada

"O ar a minha volta parece uma gaiola"
-Slipknot

Não aguento mais viver assim, me atormentando, me sufocando. Me sinto sufocada pelos limites que me foram impostos e por aqueles que eu mesma construí. Eu quero ser livre! Livre de todos essas "podes e não podes" que me sufocam cada vez mais. Quero ser livre dessa crença de que só serei bonita quando for magra. Quero ser livre da vontade de me cortar. Quero ser livre do que me impede de ser eu, como se o meu verdadeiro eu fosse um erro. Eu quero acreditar em mim, acreditar que eu valho a pena e que sou boa o suficiente.

O problema é que eu não posso ser eu. Não há espaço para o meu verdadeiro eu na minha vida. A minha vida inteira eu tentei agradar pessoas que eu amo, agora na minha vida só há espaço pra isso. Não posso ser quem eu sou ou o que eu quero ser plenamente. Se eu falar só vai piorar as coisas, é melhor continuar quieta. Tudo isso só faz com que eu me sinta mais ainda um erro. E de acordo com o que eles querem eu sou um erro.

Estou sufocada pelos meus sentimentos, pensamentos. Sufocada pelas expectativas alheias e as minhas próprias. Sufocada pelos limites, pelo ar que me rodeia, pelos sonhos que eu não posso realizar. Sufocada pelo erro que eu sou. Sufocada por palavras que chegaram até a mim como facas e me retalharam por dentro. Sufocada pelo meu passado.

Purple Butterfly
"As vezes dá preguiça, na areia movediça. Quanto mais eu mexo mais afundo em mim."
Danni Carlos