quinta-feira, 27 de março de 2014

Me Pergunto

"Nunca houve um tempo na minha vida onde eu me sentisse boa o suficiente e digna o suficiente."

As vezes eu me pergunto como é acordar de manhã e não sentir uma dor aguda atravessando seu peito. Como é levantar da cama e não lamentar o fato de você ainda estar vivo e que vai enfrentar mais um dia de dor. Como é acordar com vontade de viver, tomar café da manhã com alegria e satisfação. Me pergunto como é se olhar no espelho e não ter vontade de chorar, não odiar seu reflexo. Como é uma menina que não precisa de muita maquiagem para ficar razoavelmente bonita porque já são belas por natureza. Ser como essas meninas que entram numa sala e todos já a percebem e admiram. Queria saber como é ser bonita.

Me pergunto como é não sentir vontade de morrer, como é sentir amor à vida. Como é não sentir uma tristeza latejando dentro de si 24h por dia. Como é conseguir ficar perto de outras garotas sem se sentir inferior, como é conversar com as pessoas sem se sentir ridícula. Como é passar por uma ponte e não pensar em se jogar, como é olhar para uma faca e não pensar em cortar os pulsos. Como é não sentir seu coração parar por alguns segundos quando alguém fala a palavra “cortar” ou menciona coisas relacionadas a suicídio, depressão ou bulimia.

Me pergunto como é ser uma pessoa normal, com problemas normais. Uma pessoa que não é estranha. Como é ser alguém que não precisa fingir um sorriso. Me pergunto como é ser feliz.


Purple Butterfly

terça-feira, 11 de março de 2014

Progresso...ou regresso?

"Ninguém entende, não me olhe assim com este semblante de bom-samaritano cumprindo o seu dever, como se eu fosse doente, como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente. Nada existe pra mim, não tente, você não sabe e não entende."



Sabe uma das coisas que mais dói em mim? Ouvir alguém dizer: "Agora você vai começar a faculdade e isso vai passar". Como se toda essa dor, esse sofrimento, fosse simples faltar do que fazer. Como se eu fosse uma simples adolescente que num tinha mais o que fazer e resolveu cortar os pulsos. Além disso as pessoas acham que eu estou melhorando, mas a verdade é que não estou, não realmente. De fato eu parei de me cortar como antes e como normalmente (até demais), não penso mais em me matar com tanta frequência quanto antes. Mas só eu, eu que sinto isso todos os dias, posso dizer como eu realmente estou.
Sabe como eu estou? Estou voltando a ser como antes.

Estou voltando a sentir essa tristeza todos os dias, mas não dizer nada. Voltando a ficar infeliz e me odiar, mas continuar sorrindo e fingindo que sou uma pessoa normal. A única diferença é que agora eu já comecei a escrever e falar quando estou muito triste, mas é a mesma coisa. E dói, dói ver todos a minha volta que estavam como eu progredindo e eu sentindo isso. Ver as pessoas melhorando e eu continuar desse jeito. Dói saber que eles venceram a luta, mas eu apenas continuo respirando.

Não consigo ter esperanças sobre um futuro diferente. Em algum momento da minha vida creio que vou acordar e não conseguir levantar da cama por causa dessa dor interna. Mas prometi que ia ficar viva, então preciso viver. Não consigo nem me expressar direito mais, estou enterrando tudo dentro de mim novamente. Tudo o que eles dizem é que vai melhorar e que a vida é assim...Eu não sei se fui feita pra viver nesse mundo. Na verdade, acho que nunca deixarei de pensar que sou um erro.

Purple Butterfly

domingo, 9 de março de 2014

Relato sobre o meu sofrimento


 Eu não acredito que alguém possa realmente entender o quão doloroso é sair da cama todos os dias, como cada movimento que eu tenho que fazer com o meu corpo e cada palavra que eu preciso falar exigem uma quantidade de energia excessivamente grande que eu não tenho. Falar, pensar, agir, trabalhar, comer, atividades que seriam normais para qualquer um me parecem extremamente sem sentido e eu sinceramente preciso de um esforço extremo para realizá-las. Não me sinto fisicamente e piscicológicamente capaz de viver e lidar com tudo à minha volta. É horrível estar com outras pessoas e ver como elas são felizes, lidam bem com a vida e não sentem praticamente nada disso. Ver como algumas delas querem que eu melhore e ter que fingir um sorriso para não feri-las.

É absurdamente cansativo levantar da cama todos os dias e repetir a mesma rotina com essa dor agonizante dentro de mim, tendo que enfrentar esse vazio que parece ser a única coisa dentro de mim. Andar por sem sentido, apenas cumprindo o que me falam para fazer. Dizem: “Faça o que você gosta, estude, case, e vai melhorar” e eu acato tudo isso sem ter mais alguma esperança de que isso realmente vai dar algum jeito na minha situação. De fato, não me matei ainda pelo simples fato de ter prometido à pessoas que eu amo que não o faria. E a única coisa que realmente me traz paz é o pensamento de que um dia eu irei morrer.

Talvez você ache que eu fico o dia todo reclamando e dizendo como a vida é torturante, mas eu apenas o faço na minha mente. Aparento ser uma pessoa normal e sorridente, mas se prestar atenção pode perceber o meu olhar vazio e triste. Escrevo isso para expressar a dor que é não ver sentido na própria existência. Não acho mais prazer em fazer trabalhos da faculdade ou ler livros. Eu apenas continuo respirando.

Purple Butterfly

*Também disponível em littledarkbutterfly.blogspot.com.br
"As vezes dá preguiça, na areia movediça. Quanto mais eu mexo mais afundo em mim."
Danni Carlos