quarta-feira, 19 de abril de 2017

Não sei se consigo

*Olá, sei que estou há mais de um ano sem postar e que isso é muito tempo, mesmo assim, mesmo com tantas coisas tendo se passado, me achei em necessidade de vir falar. Obrigada por estar aqui. Bom, eis o texto.

“Eu tento me manter quente, mas eu apenas fico mais fria. Eu sinto que estou me perdendo.”
-Beauty from Pain, Superchick

Você já sentiu que não pertencia ao mundo no qual vivia? Ou pior, que não pertencia a nenhum mundo? Existem tantos blogs e relatos de adolescentes em depressão, até mesmo crianças, mas adultos...bem, isso é raro. Acho que é porque quando nos tornamos adultos perdemos essa opção. Tudo passa a ser uma grande bola de neve de responsabilidades, contas, deveres, e pressão. É claro que não sou tão velha quanto minha alma, tenho apenas 21 anos, mas creio que passar por essa transição de ser uma adolescente para ser uma jovem adulta está trazendo a tona medos antigos. Quando tentei o suicídio pela primeira vez eu o fiz, dentre tantos outros motivos, porque tinha medo de passar o resto da minha vida me sentindo daquela forma, triste e sem esperança. Agora, parece que eu estava certa em alguns pontos.

Eu pensava “Eu posso melhorar, mas nunca melhorar por completo” e as pessoas a minha volta diziam que eu estava errada e que um dia eu estaria 100% melhor. Eu melhorei, melhorei bastante, mas me parece que encontrei um impasse. Não há um estágio de cura maior que isso, eu sempre vou precisar lutar contra mim mesma e por isso eu não sei se me encaixo nesse mundo. Esse mundo onde todos emulam emoções para serem aceitos socialmente. Tenho que trabalhar, tenho que estudar, mas e se naquele dia em que tenho algo pra fazer eu esteja me sentindo um lixo? Eu deveria ser forçada a sair de casa? Eu deveria ser forçada a colocar um sorriso no rosto e ir fazer o que quer que seja que eu tenha que fazer? Não acho correto, não sei me adaptar. Eu tento todos os dias e as vezes consigo, mas as vezes eu falho miseravelmente. As vezes volto pra casa procurando um motivo para ainda estar viva.

E o que mais me preocupa é o fato é que agora já se passou tanto tempo, pessoas entraram na minha vida, pessoas que eu não aguentaria machucar, que não entenderiam se eu me fosse. E agora? Uma bomba que pode explodir a qualquer momento e machucar a todos a sua volta, uma bomba que tenta todos os dias se desarmar, é isso que sou, uma bomba armada por anos. Talvez, se essas pessoas a quem amo tivessem entrado na minha vida mais cedo eu não estivesse assim. É tarde demais, algumas feridas nunca vão cicatrizar completamente, um dia ou outro elas vão sangrar e eu tenho que ser forte, todos os dias pelo resto da minha vida. Só que isso é desesperador e eu não sei se consigo, não sei se consigo viver com tudo isso a minha volta.

Não, eu acho que não consigo.


Purple Butterfly.
"As vezes dá preguiça, na areia movediça. Quanto mais eu mexo mais afundo em mim."
Danni Carlos